Com o avanço da tecnologia e a globalização, grande parte do que utilizamos no dia a dia está ligada a ferramentas digitais. No entanto, é um equívoco pensar que elas chegaram a todos os lares brasileiros. O acesso à internet deixou de ser um luxo e se tornou uma necessidade básica, essencial para a vida moderna e para o exercício da cidadania.
Afinal, a população precisa ter o direito de acessar conteúdos online para se informar, formar opinião e participar ativamente da sociedade. Hoje, estar desconectado significa estar excluído de oportunidades, serviços e informações que impactam diretamente a qualidade de vida.
Redução da exclusão digital
Pagar contas por aplicativo, assistir aulas ou reuniões, agendar consultas médicas, assinar documentos eletronicamente, trocar mensagens… a lista de tarefas que dependem da conexão é extensa. A era virtual chegou para ficar e todos precisam estar incluídos para viver plenamente suas funções sociais e profissionais. Porém, segundo a pesquisa Características dos domicílios: resultados preliminares da amostra de 2024, do IBGE, mais de 22 milhões de brasileiros ainda vivem em casas sem acesso à internet.
Os estados com menores índices estão nas regiões Norte e Nordeste, sendo o Acre o último colocado, com 75,2% de domicílios conectados. No outro extremo, o Distrito Federal lidera com 96,2%, seguido por Santa Catarina (94,8%) e São Paulo (93,5%). Esses números evidenciam que a exclusão digital está longe de ser resolvida. A crise econômica agrava o cenário, pois o custo de dispositivos e planos de internet ainda é alto para muitas famílias.
A pandemia de COVID-19 expôs de forma ainda mais clara essa desigualdade: escolas migraram para o ensino remoto, consultas passaram a ser online e serviços públicos foram digitalizados. Famílias de baixa renda tiveram dificuldades para adquirir computadores, celulares ou acesso à rede, e muitas crianças ficaram sem estudar. Em alguns casos, a perda de emprego dos pais tornou a situação ainda mais crítica.
Avanço de políticas públicas e projetos sociais voltados à inclusão digital
Em junho de 2022, o Senado aprovou a PEC 47/2021, que propõe incluir a inclusão digital na lista de direitos e garantias fundamentais da Constituição de 1988. Até a publicação deste artigo, a proposta aguardava votação na Câmara dos Deputados. Para que essa inclusão seja efetiva, é necessário expandir a infraestrutura de comunicação, ampliar a cobertura de internet em todo o território nacional e oferecer incentivos que reduzam o preço de serviços e equipamentos como computadores, tablets e celulares.
Outro exemplo é o Programa Internet para Todos, conduzido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Ele leva banda larga a escolas, hospitais, postos de saúde, aldeias indígenas, fronteiras e quilombos em áreas remotas, com preços reduzidos. A adesão é feita por meio de ofício e assinatura de termo entre o município e o programa. Parcerias entre setor público, empresas privadas e organizações do terceiro setor têm papel decisivo nesse processo, potencializando investimentos e garantindo que mais comunidades tenham acesso à rede.
Importância da alfabetização digital e do acesso em comunidades periféricas
Mais do que conectar, é preciso ensinar. O analfabetismo digital — dificuldade de usar ferramentas tecnológicas, interpretar informações online e reconhecer conteúdos confiáveis — impede que a inclusão seja plena. Não basta saber ler e escrever, é necessário navegar com segurança no mundo digital. Pessoas com baixo letramento digital estão mais vulneráveis a golpes, à desinformação e a perder oportunidades de emprego, estudo e participação social.
Esse desafio é ainda maior em comunidades periféricas, onde o acesso à internet muitas vezes é limitado a pacotes móveis com franquia reduzida, e os espaços públicos de conexão, como bibliotecas e telecentros são escassos. Garantir internet de qualidade a esses locais é assegurar que jovens, trabalhadores e empreendedores tenham as mesmas chances de se desenvolver, estudar, abrir negócios e se conectar com o mundo.
Para enfrentar essa realidade, é fundamental inserir aulas de tecnologia no currículo escolar, promover oficinas e workshops gratuitos para todas as idades e conscientizar sobre segurança online. Somado a isso, políticas públicas e parcerias intersetoriais podem ampliar as oportunidades e reduzir desigualdades.
Impactos sociais da inclusão digital
Quando a inclusão digital chega a uma comunidade, os efeitos são transformadores:
- Educação: acesso a cursos, plataformas de ensino e bibliotecas virtuais.
- Empregabilidade: mais chances de participar de processos seletivos, capacitações e vagas remotas.
- Participação cidadã: possibilidade de acompanhar notícias, fiscalizar ações do governo e participar de debates públicos.
Acesso à internet é direito, cidadania e oportunidade. Continue acompanhando o blog da iComunicação e descubra outras iniciativas que estão transformando o Brasil pela inclusão digital.
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